Papa no Angelus: "A vida eterna é outra vida que supera a nossa imaginação"
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco rezou a
oração mariana do Angelus deste domingo, 10 de novembro, da janela da
residência pontifícia, no Vaticano, com milhares de fiéis e peregrinos
reunidos na Praça São Pedro. O Evangelho deste domingo nos apresenta
Jesus lidando com os saduceus que negavam a ressurreição e sobre esse
tema eles fazem uma pergunta a Jesus, para colocá-lo em dificuldade e
ridicularizar a fé na ressurreição dos mortos. Eles lhe propuseram um
caso imaginário: "Uma mulher tinha tido sete maridos, mortos um
após o outro. Os saduceus perguntam a Jesus: De quem a mulher será
esposa depois de sua morte? Jesus, sempre manso e paciente, primeiro
responde que a vida depois da morte não tem os mesmos parâmetros que a
vida terrena. A vida eterna é outra vida, numa outra dimensão em que não
haverá matrimônio, que está ligado à nossa existência neste mundo. Os
ressuscitados, disse Jesus, serão como anjos e viverão num estado
diferente, que agora não podemos experimentar e nem imaginar." Depois
Jesus passa ao contra-ataque e "o faz citando a Sagrada Escritura, com
uma simplicidade e originalidade que nos deixam cheios de admiração pelo
nosso Mestre, o único Mestre! A prova da ressurreição Jesus a encontra
no episódio de Moisés e da sarça ardente onde Deus se revela como o Deus
de Abraão, Isaac e Jacó. O nome de Deus está ligado aos nomes de homens
e mulheres aos quais Ele se liga. Essa ligação é mais forte que a
morte", disse o Santo Padre que acrescentou: "É por isso que
Jesus afirma: "Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos
vivem para ele. Esta é uma ligação decisiva, a aliança fundamental,
aliança com Jesus. Ele é a Aliança. Ele é a vida e a ressurreição,
porque com o seu amor crucificado venceu a morte. Em Jesus, Deus nos doa
a vida eterna, doa a todos, e todos graças a Ele possuem a esperança de
uma vida ainda mais verdadeira do que esta. A vida que Deus nos prepara
não é um simples embelezamento desta atual: ela supera a nossa
imaginação, porque Deus nos surpreende continuamente com o seu amor e
sua misericórdia." O que vai acontecer é exatamente o contrário
do que esperavam os saduceus. "Esta vida não é referência para a
eternidade, para a outra vida que nos espera, mas é a eternidade que
ilumina e dá esperança à vida terrena de cada um de nós! Se olharmos
apenas com os olhos humanos, tendemos a dizer que o caminho do homem vai
da vida para a morte", frisou o pontífice. "Jesus inverte essa
visão e afirma que a nossa peregrinação vai da morte para a vida: a vida
plena! Nós estamos em caminho, em peregrinação para a vida plena e essa
vida plena ilumina o nosso caminho! A morte está atrás, não diante de
nós. Diante de nós está o Deus dos vivos, está a derrota definitiva do
pecado e da morte, o início de um novo tempo de alegria e de luz
infinita. Mas mesmo nesta terra, na oração, nos sacramentos e na
fraternidade, encontramos Jesus e seu amor, e assim podemos saborear
algo da vida eterna. A experiência que fazemos de seu amor e sua
fidelidade se acendem como um fogo em nosso coração e aumenta a nossa fé
na ressurreição. Se Deus é fiel e ama não pode ser a tempo limitado.
Ele sempre é fiel, segundo o seu tempo, que é a eternidade," concluiu o Santo Padre. (MJ)
A homilia de Francisco: "As mãos de Jesus não dão tapas, mas fazem carinho"
Cidade do Vaticano (RV) – “Entreguemo-nos a Deus
assim como uma criança confia em seu pai”. Esta foi a essência da
homilia feita pelo Papa na missa matutina celebrada na Casa Santa Marta.
Francisco reiterou que o Senhor nunca nos abandona e lembrou que mesmo
quando nos repreende, Deus não dá tapas, mas carinho. O Papa
desenvolveu sua homilia a partir da Primeira Leitura, um trecho do Livro
da Sabedoria que recorda a nossa criação. “Foi a inveja do diabo que
provocou a guerra, este caminho que termina com a morte”. “Todos
devemos passar pela morte, mas uma coisa é atravessar esta experiência
com a pertença ao diabo e outra é passar por ela pelas mãos de Deus.
Estamos nas mãos de Deus desde o início. Foram elas que nos criaram.
Deus era um artesão, que nos construiu e não nos abandonou”. Francisco
prosseguiu citando a Bíblia, quando o Senhor diz ao seu povo: “Eu
caminhei com vocês como um pai com seu filho, levando-o pelas mãos”. “Nosso
Pai, como um Pai com seu Filho, nos ensina a caminhar; nos ensina a
adentrar a estrada da vida e da salvação. São as mãos de Deus que nos
acariciam nos momentos de dor, e nos confortam. E neste carinho, muitas
vezes, existe o perdão”. O Pontífice continuou lembrando
que muitas vezes se ouvem pessoas dizendo “Me entrego às mãos de Deus”, o
que é bonito porque “lá estamos seguros, porque nosso Pai nos quer bem,
e suas mãos nos curam também das doenças espirituais”: “Pensemos
nas mãos de Jesus quando tocava os doentes e os curava… Ele nos
repreende quando é preciso, mas jamais nos fere. Ele é Pai e as almas
dos justos estão em suas mãos. Ele nos criou e nos deu a saúde eterna;
suas mãos nos acompanham nos caminhos da vida. Confiemo-nos às mãos de
Deus como uma criança se entrega às mãos de seu pai. É uma mão segura!”.
Confira como foi a Jornada das Famílias no Vaticano
Com a Missa celebrada neste
domingo, 27, Papa Francisco encerrou a Jornada das Famílias no Vaticano.
O evento que aconteceu por ocasião do Ano da Fé começou neste sábado,
26, contando com a presença de famílias de várias partes do mundo. Em
sua homilia, o Papa destacou a necessidade de saber rezar em família,
rezando um pelos outros, com fé e simplicidade. Francisco também lembrou
que a verdadeira alegria da família vem da harmonia entre as pessoas,
um sentimento cuja base está e Deus. “Só Deus pode criar a harmonia das
diferenças. Se falta o amor de Deus, também a família perde a alegria”. Acesse as matérias completas sobre a Jornada das Famílias no especial papa.cancaonova.com Ao
final da celebração, o Santo Padre fez uma oração diante de um ícone da
Sagrada Família de Nazaré. Em seguida, rezou o Angelus, pedindo a
proteção de Maria para todas as famílias, em especial as mais
necessitadas. No sábado, 26, as famílias tiveram um encontro com
o Sumo Pontífice. Na ocasião, o convite deixado pelo Sucessor de Pedro
foi para que as famílias saibam viver a alegria da fé e saibam exercer o
perdão. “É preciso ter a coragem de pedir desculpa quando, na família,
nós erramos”, disse. Além da Missa e do encontro com o Papa
Francisco, a festa da família em Roma ofereceu aos presentes atrações
musicais, teatro, oração e reflexão em torno do tema “Família, viva a
Alegria da fé”. O encontro foi promovido pelo Pontifício Conselho para
as Famílias.
Religioso aponta principais fragilidades da vida consagrada
Frei Nestor Schwerz
Uma Jornada de estudo que
acontece nesta terça-feira, 28, em Roma, discute o tema “Fidelidade e
perseverança vocacional numa cultura do provisório”. O Secretário
da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades
Apostólicas, Dom José Rodriguez Carballo ofm, falou numa das
conferências do encontro sobre “A fragilidade vocacional: que
responsabilidade para as instituições de vida consagrada?”, e manifestou
preocupação com o que ele chamou de “hemorragia” de consagrados. O
Secretário-Geral para a Evangelização da Ordem dos Frades Menores, Frei
Nestor Schwerz, comentou a expressão de Dom José reafirmando que, de
fato, há muitos abandonos da vida religiosa e não se pode pensar nisso
como algo normal. “É uma situação e um fenômeno que nos preocupa e deve
nos preocupar”, afirmou. Mediante pesquisa realizada no âmbito
das congregações, o frei destaca algumas das principais fragilidades da
vida consagrada atualmente. A primeira delas é a dificuldade de uma vida
espiritual cultivada pessoalmente: "oração e meditação pessoal e uma
leitura orante da Palavra de Deus".
Em seguida, está a vida
comunitária. “Isso veio muito evidenciado nessa pesquisa: há uma séria
crise nas relações interpessoais para a construção de uma vida fraterna
que seja boa, atraente, familiar e etc”, disse.
“Depois a vida
pastoral, a vida de evangelização, que no mundo de hoje precisa de uma
certa criatividade, de muita paixão. Então, às vezes, nos encontramos em
certas estruturas pastorais que ainda se vive o repetitivo, aquilo que
sempre se fazia. Mas, o mundo exige uma resposta nova, com uma nova
criativa, sobretudo, com muita paixão, coerência, muito testemunho para
sermos boa notícia nesse tempo”, completou.
A abertura do
evento foi feita pelo Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida
Consagrada e as Sociedades Apostólicas, o brasileiro, Cardeal João Braz
de Aviz.