Bom Jesus da Lapa é um município localizado
na região oeste do estado da Bahia, situado a 850 km da capital. Sua população
em 2007 é de 62.199 habitantes conforme o IBGE. Possui uma área total de 4148,5
km² e é banhada pelo rio São Francisco. Suas atividades econômicas estão
baseadas na agricultura, pecuária, comércio, turismo e pesca.
A cidade de Bom Jesus da Lapa concentra a treceira maior romaria do Brasil, no
mês de agosto, conhecida como a romaria do Bom Jesus em que atrai
milhares de fiéis todos os anos. O grande diferencial entre Bom Jesus da Lapa e
as outras cidades da região é o morro e suas grutas que lhe conferem um clima
místico e diferenciado e o estado permanente de romarias.
A cidade de Bom Jesus da Lapa começou sua existência à sombra do Santuário do
Bom Jesus. Na data em que o Monge chegou a este lugar, havia entre o morro e o
rio São Francisco apenas algumas palhoças de índios Tapuias. Mas, com o tempo,
foram agregando-se devotos que resolveram fazer suas moradias perto do lugar,
onde se achava a imagem do Bom Jesus. O Monge construiu junto ao Santuário, um
asilo para os pobres e doentes, dos quais cuidava. Assim começou a crescer ao
lado da lapa do Bom Jesus um povoado, assumindo o mesmo nome de Bom Jesus da
Lapa.
Graças às constantes peregrinações que se transformaram em grandes e
permanentes romarias de fiéis ao Santuário do Senhor Bom Jesus, o povoado foi
se desenvolvendo, transformando-se em vila em 1870, atingindo a categoria de
cidade em 1923, quando foi emancipada, no dia 31 de agosto desse ano.
O morro do Bom Jesus
Margeando o rio São Francisco, bem no sertão
baiano; aí é que se localiza o santuário do Bom Jesus da Lapa. Vê-se imponente,
um maciço de calcário, de noventa metros de altura, recortado em galerias e
grutas. De cor negra, o penhasco carrega em si a vegetação comum da região
castigada pela seca. O morro parece um retalho de montanha calcária, isolado no
meio de uma planície, com a base quase dentro da água e a margem coroada de
cactos, bromélias de espinhos e minaretes de formas diversas. Nele se encontram
várias grutas: a do Bom Jesus com 50m de comprimento, 15 de largura e 7 de
altura; a da Soledade, maior em extensão e, além disso, para admiração dos
romeiros e visitantes, existem outras lindas grutas, porém menores.
O Santuário do Bom
Jesus da Lapa
O abrigo foi descoberto em 1691 pelo português
Francisco Mendonça Mar, que exercia, como seu pai, a profissão de ourives e
pintor. Com vinte e poucos anos de idade, em 1679, chegou a Salvador da Bahia,
onde instalou sua própria oficina. Em 1688, foi encarregado de pintar o palácio
do Governador Geral do Brasil, em Salvador, mas, ao invés de receber o
pagamento, Francisco foi levado à cadeia e cruelmente açoitado. Tocado pela
divina graça, reconhecendo a vaidade do mundo, ele aprendeu que a única coisa
que vale é a salvação. Distribuindo seus bens, fez-se pobre e, acompanhado de
uma imagem do Cristo crucificado, enveredou-se pelo sertão adentro. Caminhou
entre tribos de índios antropófagos, passou fome, sofreu o calor do sol.
Uma tarde, depois de vários meses de incessante caminhada, avistou um morro,
subiu uma áspera ladeira e, por uma abertura na pedra, penetrou numa gruta. Lá
dentro, encontrou uma cavidade ideal para colocar a cruz que levava. Ali, à
margem do rio São Francisco, começou uma vida de eremita.
Dedicado à oração e à penitência, o monge logo percebeu que o amor a Deus não
pode ser isolado da vida; então começou a trabalhar em favor dos mais
necessitados, trazendo para junto de si pobres, doentes, infelizes e aleijados,
a fim de servi-los com amor.
No ano de 1702, a pedido do arcebispo da Bahia, dom Sebastião Monteiro de Vide,
foi a Salvador preparar-se para o sacerdócio. Estudou durante três anos e, em
1705, foi ordenado padre.Tomando o nome de Padre Francisco da Soledade após a
ordenação, voltou à Lapa onde viveu até sua morte, em 1722.
Os romeiros
A gruta, onde o monge Francisco colocou a
cruz, tornou-se o santuário do Bom Jesus da Lapa. É mais do que uma cavidade na
pedra: é um santuário construído pela mão da natureza e escolhido por Deus.
Diante da imagem do Crucificado, ajoelham-se os romeiros de todas as idades,
vindos de diferentes lugares do Brasil. Eles trazem consigo o coração
penitente, uma oração fervorosa de palavras simples que brotam espontaneamente.
No altar do Bom Jesus, podemos ouvi-los balbuciando preces; outros, em voz
alta, fazem seus pedidos e agradecimentos; outros misturam palavras com
lágrimas e outros pagam promessas, deixando ex-votos, como fotos, cartas,
muletas etc. É a Ele que o romeiro recomenda sua vida e a de seus familiares e
amigos, entregando-se a sua proteção. A promessa feita e cumprida é uma forma
de agradecer a Deus por todo o bem que ele, “pobre homem”, recebe das mãos
divinas. O romeiro caracteriza-se pelo chapéu de palha revestido rusticamente
de tecido branco e fitas coloridas. A mais comum é a de cor branca,
simbolizando a esperança. Um fato pitoresco na cidade é que quase todos os
telefones públicos (orelhão) são em forma de chapéu.