A coisa mais importante para se proteger um amor e restaurar um relacionamento é saber ouvir.
Sendo
uma realidade dinâmica, o matrimônio está aberto à construção e também
às feridas que machucam e atrapalham o crescimento da vida familiar.
Algumas situações acabam sendo grandes possibilidades de ruptura, mas
também podem se transformar em momentos de graça e de vida plena. É
preciso aprender a construir a restauração da família.
É
preciso assumir uma missão muito especial: a reconstrução, restauração e
a recuperação de casamentos feridos e debilitados, que geram famílias
estragadas, desunidas e machucadas.
Um
dos elementos que precisam ser trabalhados, de modo correto e sereno,
refere-se a tudo aquilo que provoca a raiva. A raiva é a emoção mais
difícil de se trabalhar. Ela tende a tomar conta de nossas vidas,
empurrar-nos e levar-nos a dizer e a fazer coisas que, em condições
normais, provavelmente julgaríamos repugnantes e até inconcebíveis.
Na
vida conjugal e familiar, a raiva tem um poder amplamente destruidor.
Quando não resolvida, torna-se a ameaça número um dos relacionamentos.
Quanto mais o tempo passa, mais grave torna-se o problema. A raiva não
sara quando se casa. Se acontecer de se transformar em fúria – caminho
natural da raiva não resolvida – ela não poderá mais ser controlada. Um
dia, explode.
A
raiva é como uma infecção que afeta a família inteira. Além de ser
doença, é geradora de muitas enfermidades: violência física, psíquica e
espiritual; depressão; alcoolismo e outras dependências químicas;
comportamento agressivo; indiferença e distanciamento. Se não for
resolvida adequadamente, a raiva não vai embora nem simplesmente
desaparece. Ela se mantém escondida e vai se tornando cada vez mais
venenosa com o tempo.
Quando
domina uma família, a raiva provoca o distanciamento de todos os seus
membros. Um passa a evitar o outro, e não se compartilham mais as
emoções bonitas e renovadoras de esperança e de compromisso familiar.
Desse silêncio pode nascer a indiferença, maior alimentadora da raiva
ignorada e sufocada.
A
raiva é até certo ponto natural na vida conjugal e familiar.
Dificilmente uma família conseguirá conviver de modo tão harmonioso que
nunca vá fazer a experiência de momentos geradores de raiva. E não
adianta esconder o que se sente. O grande desafio é aprender a trabalhar
com a raiva, aprender a expressá-la de forma construtiva.
Para
trabalhar com a raiva, é necessário se perguntar: De onde vem minha
raiva? Será que estou distorcendo ou aumentando as coisas, fazendo-as
parecer muito maiores do que realmente são? É preciso aprender a se
controlar e a se comunicar. Não alimentar a raiva com pensamentos
negativos, hostis e melancólicos. Ninguém está sempre certo ou
completamente errado. É preciso aprender a ceder de vez em quando.
Contudo,
ninguém saberá ceder de vez em quando se não aprender a ouvir mais e a
falar menos. A coisa mais importante para se proteger um amor e
restaurar um relacionamento é saber ouvir. Quem não sabe ouvir jamais
saberá se comunicar e nunca conseguirá experienciar uma intimidade
profunda. Aprender a ouvir o outro é um mecanismo absolutamente
necessário para vencer e superar a raiva. Saber ouvir fortalece o
relacionamento, porque se aprende a valorizar o outro. Só quem sabe o
valor que o outro tem aprenderá a ouvi-lo com amor e respeito.
Padre Léo
Retirado do Blog da Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário