Em Assis, Papa defende a 'cultura do acolhimento'
O papa Francisco chegou nesta sexta-feira, 04, a Assis, na Itália,
para uma visita repleta de símbolos que marcam seu pontificado. Hoje é o
dia do santo que lhe inspirou o nome e os principais temas de seu
papado: o cuidado pastoral dos necessitados, a defesa da paz e a
preservação do meio ambiente. Aguardado por cerca de 100 mil pessoas, o
papa visitou o Instituto Serafico de Assis, uma instituição católica
para jovens deficientes físico e mentais, junto ao monte Subiaco, e
abraçou e abençoou os jovens.
"Infelizmente a sociedade está poluída pela cultura do desperdício,
que se opõe à cultura do acolhimento. E as vítimas da cultura do
desperdício são precisamente as pessoas mais frágeis", disse seguindo em
parte o discurso escrito, que não leu mas cuja divulgação foi
autorizada. Nele, saudou como "sinal da verdadeira civilidade, humana e
cristã" o trabalho da instituição.
O papa disse ainda que hoje é "dia de lágrimas" na Itália,
referindo-se à tragédia que provocou a morte de mais de uma centena de
pessoas (há ainda mais de 200 desaparecidos) num naufrágio com um navio
de imigrantes, no Sul da Itália. "Hoje é um dia de lágrimas", disse.
Francisco - que na quinta-feira se referiu ao ocorrido como uma
"vergonha" - denunciou a "indiferença para com os que fogem da
escravatura, da fome, para encontrar a liberdade e encontram a morte
como ontem em Lampedusa".
Além de orar no túmulo do santo, Francisco almoçará com pobres
atendidos pela Caritas. Mais uma vez, o papa segue os passos de João
XXIII, responsável pela convocação do Concílio Vaticano 2.º.
Em 4 de outubro de 1962, João XXIII deixou Roma para ir a Assis às
vésperas da abertura do concílio que mudou a Igreja. Francisco faz a
mesma peregrinação no momento em que a comissão de oito cardeais por ele
nomeada para reformar a Igreja começa a chegar às primeiras conclusões,
conforme disse ontem o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Acabando com o "centralismo de Roma" e dando poderes às igrejas
espalhadas pelo mundo, Lombardi confirmou que a Igreja terá nova
Constituição Apostólica. Além disso, a Secretaria de Estado - principal
cargo do governo do Vaticano - será inteiramente modificada para se
tornar uma Secretaria Papal, colocando a Santa Sé a serviço dos fiéis, e
não do poder do Estado. Segundo Lombardi, haverá uma "a reforma total
da organização da Cúria".
Processo
A primeira etapa será a elaboração da nova Constituição Apostólica,
que substituirá a atual, a Pastor Bonus, feita em 1988 por João Paulo
II. O documento regula a forma pela qual a Cúria opera e a divisão de
poderes na Santa Sé.
A pauta da comissão inclui o tratamento dado aos divorciados. O papa
já indicou que está disposto a rever as regras para a comunhão dos
divorciados que voltam a se casar e as regras da anulação de
matrimônios.
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