sábado, 3 de novembro de 2012

Ano da Fé

Ano da Fé


Iniciamos, no dia onze de outubro, o “Ano da Fé”, proclamado pelo Papa Bento XVI para o Povo de Deus presente em toda a Terra. O seu término será na solenidade de Cristo Rei, em novembro de 2013.
A fé é um dom de Deus, recebido no batismo, não uma construção humana. Enquanto tal, não experimenta crise, pois é uma imersão do perene transcendente na história humana e no mundo.
O ato humano de crer, a acolhida da fé pelo fiel, é delimitado pelo corpo, alma e espírito, bem como sofre o influxo da sociedade e da cultura.
O ato humano de crer, suscitado e sustentado pelo Espírito Santo, tem um componente humano, pois passa pelo intelecto e pela vontade. O primeiro é iluminador, entender para crer e crer para entender; o segundo, a vontade, toma a decisão, iluminada pela inteligência.
A “crise” hodierna do ato de crer não é só consequência da linguagem e da ausência ou inadequação das estratégias na sua transmissão. Há algo mais.
No mundo, na sociedade e na cultura há e cresce uma radical recusa a fé e ao seu conteúdo enquanto tal. Não se pode fechar os olhos a este fato. Ignorá-lo ou não querer vê-lo não contribui para a evangelização.
Acolher o fato da recusa da fé, é condição para a veracidade e eficiência da evangelização. Do contrário, “trocar-se á seis por meia dúzia”. Esta recusa da fé, de modos diversos, e em diferenciadas intensidades, atua no mundo, na sociedade, na cultura e na Igreja como um maléfico fermento que produz frutos que se espalham como erva daninha.
Os frutos da recusa da fé no mundo, na sociedade, na cultura e na Igreja não assustaram porque se apresentam em “doses homeopáticas”, disfarçados e mimetizados. Quando se percebe, já estão introduzidos nas pessoas, comunidades e instituições.

Uma nova evangelização para a transmissão da fé pressupõe não só eliminar alguns frutos, podar galhos, mas eliminar alguns males pela raiz, pois são eles que levam ao subjetivismo e relativismo na experiência da fé.
Antes de tudo, uma nova evangelização para a transmissão da fé precisa de um antídoto peculiar: pessoas apaixonadas que se deixam seduzir pela irresistibilidade de Jesus Cristo, o único Divino Salvador.
A eliminação dos males pela raiz pressupõe abraçar o Mistério da Cruz e o martírio, o que só é possível para cristãos apaixonados por Jesus Cristo e que acolhem a Igreja como Mãe e Mestra.
Antes de ser questão logística, linguística, estrategista, (...), a vida de fé e sua transmissão é resposta existencial a um dom de Deus. A quem interessa uma fé light, soft, camuflada ou desidratada? Somente aos que recusam radicalmente a fé em Jesus Cristo como o único Divino Salvador e aos que não acolhem a Igreja como Mãe e Mestra.

+ Tomé Ferreira da Silva

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